24/10/2015


 

TAO - A Ponte entre Oriente e Ocidente

A aproximação entre a ciência moderna e o velho conhecimento oriental está gerando novas maneiras de pensar o mundo.

 
Por que será que o roçar de asas de uma borboleta na Amazônia pode provocar um tufão na Índia? A mecânica quântica garante que isso é comprovável cientificamente, desde que, no início do século, constatou-se que o nosso universo não é estático: está em constante expansão e movimento. Assim, todos os fenômenos têm conexões uns com os outros. Mesmo quando não mantém uma relação entre si, eles interagem no universo cósmico. Entretanto, isto não é facilmente assimilável pelo arraigado pensamento ocidental.

O mistério que envolve fenômenos aparentemente antagônicos mas que se complementam, só neste século vem estimulando mais fortemente as investigações científicas e as especulações teóricas no plano do conhecimento. A ponto de todas as principais descobertas do século XX estarem intimamente ligadas a essa antiqüíssima maneira de ver a vida pelos chineses: o laser, as telecomunicações, o radar, a engenharia genética, a biologia molecular, a química, a bomba atômica, os chips que deram origem aos microcomputadores, etc.

O lugar do vazio é também o lugar da energia, da matéria.

Para os orientais de linhagem taoísta, essa constatação nunca foi objeto de questionamento. Era, e continua sendo, uma verdade inquestionável. Entretanto, a visão difundida por mestre Lao Tse, o patriarca do taoísmo, há três mil anos, só agora está sendo assimilada no Ocidente. Muito se deve, com certeza, aos movimentos da contracultura dos anos 60, que deram início a uma onda de reverência aos ensinamentos transmitidos pelos mestres do oriente.

Hoje a aproximação dos dois pontos de vista se mostram inevitáveis: tao da física, tao do amor, tao da música, tao da ecologia. De repente, os títulos começam a se suceder, no que diz respeito à livre associação entre os temas recorrentes no universo de pensamento do Ocidente com a filosofia ancestral de origem chinesa. Sinal dos tempos?

A forte suspeita, que já atravessa décadas no nosso século, de que o universo se criou de uma grande explosão dando origem à Terra, às estrelas e aos bilhões de galáxias, foi comprovada por astrofísicos norte-americanos a partir de um satélite da Nasa, que descobriu marcas de nascença de conglomerados de estrelas numa região distante mais de 14 bilhões de anos-luz do sistema solar, hoje menos fantasmas do que eram.

Para os taoístas, que vêm desenvolvendo suas crenças há mais de 7 mil anos, nunca houve dúvidas a esse respeito. Os chineses de tempos imemoriais sempre acreditaram que o universo se criou a partir de uma bolha, ou de um ponto mínimo, do qual se originou o universo manifesto. Para eles, o vazio e o absoluto são a mesma coisa. Na verdade, os cientistas contemporâneos chegaram à mesma conclusão: o lugar do vazio é também o lugar da energia, da matéria.

A matéria em estado de condensação absoluta teria implodido há 15 bilhões de anos, segundo os cálculos dos cientistas, e deu origem, em linguagem oriental, às duas forças máximas que regem a vida: o Yin e o Yang. E dessa dualidade sempre em oposição e, ao mesmo tempo, complementar, surgiram o Céu, a Terra, e o Homem (bem entendido, todos os seres vivos). “O absoluto é o princípio de um sopro que se manifesta em tríplice transparência”, ensina o sacerdote taoísta Wu Jyh Cherng, fundador da primeira sociedade taoísta do país.

A primeira aproximação oficial da ciência com esse misto de filosofia, medicina e religião oriental foi feita na década de 70 pelo físico Fritzjof Capra, numa conferência que se transformou no primeiro dos dois livros que escreveu sobre o assunto, “O Tao da Física”, publicado em 1978. Ele percebeu um espantoso paralelismo entre os enunciados da física moderna com os preceitos da Filosofia oriental.

O universo pode ser concebido como um desdobramento do vazio.

“Capra, na verdade, apenas veio no rastro de todos os grandes cientistas que construíram a base da ciência contemporânea como Einstein, Eddington, Schrodinger, Heisenberg, Born, Bohn”, destaca o cosmólogo Luis Alberto Resende de Oliveira, conferencista da Universidade Livre e pesquisador assistente do grupo de Cosmologia e Gravitação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele, um conhecido defensor da tese de Capra nos meios acadêmicos, acredita que todos os cientistas acima citados podem tranqüilamente ser chamados de místicos, pois todos sempre se preocuparam com a fundamentação metafísica do conhecimento sobre a natureza.

O que marca, segundo ele, a diferença de enfoques entre as físicas clássica e moderna é a descoberta, que vem deste século, de que o nosso universo pode ser concebido como um desdobramento do vazio. “O vazio passou a ser o domínio da realidade onde se dá a mais intensa atividade. O vazio deixou de ser o lugar da ausência para ser o somatório de todas as coisas. É no vazio que as tensões se exercem e os elementos paradoxais interagem”. Na sua opinião, “a idéia que norteava a física clássica de que conhecer o mundo era conhecer as forças que interagem neste mundo fracassou quando começou-se a buscar um maior entendimento do micro e do macrocosmos”.

Só no nosso século, com o advento da mecânica quântica, da física nuclear, da teoria da relatividade, da cosmologia relativística, da teoria dos sistemas longe do equilíbrio, da matemática do caos é que se pôde verificar a afinidade com os preceitos orientais, informa Luis Alberto.

A grosso modo, a física quântica descobriu que os fenômenos físicos se produzem e se reproduzem ora como onda ora como partícula, dependendo da situação. E essa idéia de opostos complementares que interagem é, basicamente, o ovo de Colombo da moderna pesquisa científica. É o que deu origem aos chips de computador, à engenharia genética, à biologia molecular, ao laser, à telecomunicação, “em suma, a absolutamente tudo”. Inclusive à bomba atômica.

“Acredito até que a ética do taoísmo seja muito superior à da ciência, cujo poder está nas mãos dos Estados e os cientistas nada mais são que serviçais do Estado.”

É nesse ponto que o paralelismo entre o taoísmo e a física esbarra em controvérsias. Para o cosmólogo José Salim, professor e pesquisador do mesmo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, atualmente no Canadá, esta aproximação dos dois conceitos faz parte da velha tendência do pensamento científico ocidental de querer se apropriar da “verdade”. Na sua opinião, a questão da dualidade na física realmente se parece com os conceitos orientais de Yin e Yang, mas são de natureza diversa. “No caso da física, quando um impulso de energia se propaga levando energia de um lugar para outro, envolve uma questão ética totalmente diversa da do taoísmo”, diz ele. “Acredito até que a ética do taoísmo seja muito superior à da ciência, cujo poder está nas mãos dos Estados e os cientistas nada mais são que serviçais do Estado”, acrescenta.

A ciência só quer uma coisa, acredita: a dominação. “Mesmo que seja no nível mais bem intencionado possível”. Exemplo: “Por mais benefícios que a ciência possa trazer, como a bomba de cobalto para combater o câncer, ela continua sendo instrumento de dominação, só que da doença. Na medicina chinesa (parte do taoísmo), através da acupuntura, por exemplo, o que se busca é a prevenção. O objetivo é estimular o aparelho imunológico. A acupuntura não serve para dominar a doença. Não faz intervenção violenta. E o taoísmo, por herança mística, não busca a dominação do mundo, mas a compreensão de suas leis e como administrá-lo com sabedoria.”

O professor Luis Alberto não vê o menor sentido nesta discussão: “Acho que só no próximo século, quando se aprofundarão os estudos entre o pensamento (inteligência, subjetivismo, psiquismo) e a existência (materialidade, concretude, substância), é que se poderá compreender essa fantástica ressonância.”

A própria busca do ser humano pode chegar a uma mesma conclusão comum.

Surpreendentemente ou não, para o sacerdote taoísta Cherng, não há nenhuma intenção por parte do Ocidente em querer transfigurar o taoísmo, ou se apropriar do taoísmo. “Vejo como um fenômeno absolutamente natural da compreensão humana. Com todas as diferenças de língua, de cultura, inclusive levando-se em conta a demora da transmissão de conhecimento para o ocidental do que consiste o pensamento oriental, seja o taoísmo, o budismo ou o que for. Para se compreender qualquer coisa, deve-se partir do ponto em que você está. Então é natural que o ocidental tente compreender o Oriente através de uma linguagem inicialmente do próprio Ocidente. A partir daí, pode surgir uma série de linguagens que já não são mais nem semelhantes às do Ocidente antigo, nem do próprio Oriente”, diz Mestre Cherng que é professor de meditação e de teoria taoísta. Na sua opinião, esse encontro do Oriente com o Ocidente “demonstra que a própria busca do ser humano pode chegar a uma mesma conclusão comum. Mesmo quando não se admite a influência no raciocínio ocidental de algum conceito oriundo do conhecimento místico ou das filosofias orientais, mas como o resultado de uma busca natural”, conclui.

A conclusão não é necessariamente racional, nem irracional, mas a soma dos dois.

Cherng faz uma pequena síntese do que é o taoísmo:

O taoísmo não tem nenhuma concepção radical. Segue o conceito da naturalidade. É absolutamente natural ele tentar entender tudo o que acontece de uma forma racional, lógica, pensada e explicada. Mas o taoísmo também fala que existe um outro lado irracional, não-pensante, que transcende o pensamento, que é abstrato, que também faz com que compreendamos as coisas. Não através das linguagens limitadas, da lógica. A conclusão não é necessariamente racional, nem irracional, mas a soma dos dois.

Não é preciso renunciar a um ou a outro. Basta deixar ambos coexistindo.

O taoísmo fala muito de se viver todas as coisas simplesmente, e não intencionalmente. Busca compreender e viver o absoluto, viver além das linguagens, além dos limites. Compreendemos o Tao através de vivência, mas não deixamos de trabalhar com a especulação mental. Meditações e mantras são instrumentos para se chegar a uma vivência. Você usa todas as linguagens para chegar além das linguagens. Você usa palavras, meditações, teorias, cantos, para chegar em não palavras, em não conceitos, em não teorias, e chegar ao absoluto, que é uma espécie de vazio. Mas esse vazio não é ausência de alguma coisa. Ele carrega a potencialidade de todas as coisas.

Há algo completamente entorpecido, anterior à criação do céu e à terra, quieto e ermo, independente e inalterável. Move-se em círculo e não se exaure. Pode-se considerá-lo a Mãe sob o céu. Tao Te Ching, cap. 25

_____ SOBRE A AUTORA _____

Eva Spitz é jornalista

01/10/2015


O Eu e a garrafa sem fundo


Se o arqueiro atira uma flecha no vazio, em que ele vai acertar? Vencer o ataque através do vazio é o primeiro fundamento da estratégia chinesa, ou seja, trabalhar com a ausência do ego.

No estudo da estratégia, se diz que os grandes mestres de estratégia trabalham com o princípio da ausência do ego. Se as pessoas não tivessem ego, não haveria luta entre elas. Se, por exemplo, você tem um profundo apego por chocolate, quem na verdade tem esse apego? O seu “eu”, que é o seu ego. Com a ausência do ego, não vai existir o apego ao chocolate. Nesse caso, você poderia até comer o chocolate, mas não teria apego a ele, não seria viciado. Apego é aquilo que você quer. Mais do que isso. É algo que você não consegue deixar de querer. Em outras palavras, apego é vício.
Nós somos viciados em inúmeras coisas. Existem pessoas que são viciadas, por exemplo, em cuidar de outras pessoas. Existem aquelas viciadas em coca-cola, em dinheiro, em ideologia, em sexo e em inúmeras outras coisas. Todos nós temos alguns vícios, de níveis e tipos diferentes. E existem vícios que, normalmente, nem são percebidos como vícios.
Como você poderia não ter vícios? Não tendo um ego, não tendo um “eu”. Se você não tem esse “eu”, como poderia ficar viciado em algo? A ausência do ego faz com que você se torne vazio e, se você é um vazio no sentido da quietude interior (a quietude interior faz com que nos tornemos vazios por dentro), você deixa de ser um alvo para o outro. A ausência do ego coloca seu espírito em estado de quietude, de transparência. Se o arqueiro atira uma flecha no vazio, em que ele vai acertar? Em nada. Então, se você esvazia seu coração, toda força que o seu adversário mandar na sua direção, por mais perversa que seja, não irá acertar em você.

Muitas vezes, você está numa festa ou num lugar público e percebe que, quando vira de costas, uma determinada pessoa dirige a você um olhar insistente e negativo. Você, então, poderia lançar mão de uma técnica muito usada por taoístas nessa situação: respirar umas duas ou três vezes prestando atenção ao ritmo da sua respiração para que ela fique tranqüila; não deixar transparecer no rosto nem nas atitudes externas que percebeu o que está acontecendo; e começar a esvaziar seu interior, imaginando que você todo está se tornando um vazio, restando do seu corpo apenas uma silhueta.
Nessa hora, a energia desconfortável daquele olhar vai passar por você como se estivesse passando por um vazio. Algum tempo depois, você vai notar que aquela pessoa está começando a sentir um cansaço imenso, e vai ficar cada vez mais cansada até desistir de olhar para sua direção.

Mas se você receber esse olhar e, por não estar esvaziado, for atingido por ele, ou seja, se a pessoa conseguir acertar você com aquela energia perversa, essa mesma energia vai voltar para ela e realimentá-la.
No caso contrário, se o olhar dela não conseguir acertar você, ela vai estar, apenas, jogando energia fora. É como se ela estivesse atirando no vazio: as balas do revólver vão acabar e ela não terá acertado em alvo algum, em nada.
Essa técnica de esvaziamento é muito fácil de ser praticada. Ela é muito usada para você não precisar lutar contra a pessoa que está dirigindo a energia perversa para você. E praticando esta técnica você vence a energia perversa sem precisar lutar contra a pessoa que a lançou.
Se essa pessoa ficar usando sua força contra o espaço, vai acabar se cansando. É como dar socos no ar: a pessoa vai se cansar e terminar por ser derrotada por si mesma sem que você, que praticou a técnica do esvaziamento pela respiração, precise sacar uma arma para brigar com ela.
Esse é exatamente o ensinamento de como vencer uma ação através da não-ação. Vencer o ataque através do vazio é o primeiro fundamento da estratégia da guerra, ou seja: trabalhar com a ausência do ego.

Raciocine desse modo: se eu não existo, quem poderia estar me atingindo? Mas é preciso tomar cuidado porque ausência de ego não significa não tomar uma atitude quando ela for necessária.
Se você não tiver ego, mesmo que alguém tente lhe ofender, não vai conseguir porque o eu não existe e, portanto, você não pode ser aquilo que a pessoa disse ser. Ela não vai estar falando sobre você – então, vai estar falando sozinha, sem conseguir lhe ofender. No entanto, isso não pode ser um mecanismo de convencimento intelectual. Isso tem de ser o resultado de um esvaziamento interior, de um esvaziamento do eu.
Mas como a ausência do eu é demonstrada na prática, na vida cotidiana? Por meio da tolerância, da aceitação e do coração esvaziado. Uma pessoa que não seja tolerante, acaba por preencher rapidamente o seu limite. Até mesmo popularmente, quando alguém não consegue aceitar mais nada, adota uma expressão facial que demonstra que seu limite foi atingido: “Eu estou cheio, não tenho mais capacidade de tolerar isso, não vou mais tolerar isso”, é o que costuma dizer quem acaba por preencher rapidamente seu limite.

Numa situação como essa, nós nos tornamos “cheios” porque temos um limite que funciona como uma espécie de fundo de garrafa – ou fundo de copo –, que vem a ser, exatamente, o nosso ego. O ego humano é o fundo do nosso copo, da nossa garrafa. O ego faz com que nossa vida, mesmo que seja parcialmente esvaziada, tenha um limite. E a suprema abundância só é adquirida quando nós retiramos esse fundo da garrafa. Desse modo, tudo entra e tudo sai pela garrafa sem fundo e, por isso, a suprema abundância não se esgota.

Um mestre antigo dizia que nós deveríamos saber receber tudo o que vem do mundo e repassar tudo de volta para o mundo. Dessa maneira, a nossa vida torna-se algo vazio e esse vazio permite que a vida flua dentro de nós. É desse processo que vem a alegria sem euforia e a tristeza sem depressão. Vêm coisas saborosas e amargas, e tanto umas quanto outras entram e saem de nós como se estivessem sendo derramadas numa garrafa sem fundo.

Assim, a nossa capacidade tanto de receber quanto de dar nunca termina e, com isso, a vida se torna mais leve porque, nesse momento, deixamos de fluir na vida para deixar a vida fluir em nós. A partir dessa hora nós nos transformamos e ficamos como se fôssemos um tubo por onde a água, que simboliza a vida, passa por nós e vai adiante, fluindo sem parar porque não existe um fundo, um limite que a represe.
De modo contrário, se nós tivermos um fundo, como uma garrafa ou um copo, a água não vai fluir. Ela vai encher essa garrafa até seu limite, depois transbordar, e terminar levando o copo ou a garrafa junto com ela, em vez de passar e sair. Então, a pessoa que tem o ego muito forte é levada pelo destino, em vez de permitir que o destino ou a vida passe por ela.
Quanto mais esvaziados o copo ou a garrafa, mais a água vai fluir e passar dentro de nós, mais o destino vai passar por nós, e seremos donos desse destino. Quanto menos esvaziados, mais obstáculos a água vai encontrar para fluir dentro de nós e, nesse caso, os papéis serão invertidos: nós vamos passar por dentro vida e ela é que será a dona do nosso destino.

Precisamos nos esvaziar para podermos nos tornar receptivos. Sendo receptivos, podemos de fato abraçar todas as coisas e, ao mesmo tempo, permitir que todas as coisas se desenvolvam e se transformem de modo natural e fluido.

O homem iluminado é o que possui a abertura interior.


Mestre Wu Jyh Cherng - Sociedade Taoísta do Brasil

 

10/09/2015



O Insustentável Poder da Independência Material e Espiritual
 

Seria mesmo insustentável o poder adquirido com a independência material e espiritual??

Estamos vivendo uma época realmente especial. Nunca em nenhum outro tempo histórico o homem teve tanto poder de moldar seu destino como agora… tanto para melhor quanto para pior. O que temos feito com esse poder??

Sem sair de casa, contemplando todo o progresso que invade a nossa vida e nosso cotidiano, temos tudo que jamais uma outra civilização sonhou ter. (Pelo menos as conhecidas, as que desconhecemos; nunca saberemos). Será que estamos maduros para brincar de Deus? Será que nossa sabedoria cresceu na mesma proporção do nosso progresso tecnológico e espiritual??
Com tanto poder material, e mais agora o poder espiritual disponível para quantos queiram neles colocar sua energia, o homem deveria ser o mais independente de todos os mortais. Mas não é bem assim. Há padrões e crenças internas que não se desfazem simplesmente porque possuímos o poder. Há algo mais, há algo impercetível, sutil, invisível, intocável, misterioso que nos impede de usufruir a gloria que parece tão presente e a nossa disposição.

Meditando sobre isso tudo me lembrei de Sri Aurobindo, um Iogue revolucionário, que ao retornar a Índia depois de um PHD em filosofia obtido na Inglaterra, escreveu inúmeros livros tentando dizer aos indianos que tudo na vida era Yoga. Que o maior iogue de todos os tempos, seria aquele que conquistasse o poder do dinheiro para o luz, para a espiritualidade. Talvez ai esteja nossa grande falha; quando passamos a acreditar que o dinheiro é a nossa fonte de felicidade ou pior; quando frustrados com o nosso fracasso em obtê-lo, nos recolhemos e passamos a odiar o dinheiro amaldiçoando-o, ou colocamos toda nossa energia em obtê-lo a qualquer preço.

Esquecemos de enxergar o obvio, que a energia e seu poder, é a única força que legitima o poder do dinheiro. Quando não temos essa energia e procuramos obtê-lo a qualquer preço, tudo vira o caos que vivemos agora. Exploramos nossa mãe; a terra sem nada dar em troca. Passamos por cima de nossos princípios e virtudes e transformamos nossa gloria em derrota. Nossa terra fértil em deserto, nosso coração em uma maquina calculadora de lucros. Perdemos o rumo, e com ele nossa felicidade, nossa independência, nossa oportunidade de construir nossos sonhos mais caros no aqui e no agora; aqui na terra. Passamos a sonhar com um céu depois da morte, com um paraíso conquistado pela expiação, que só podemos usufruir depois da morte.

Sim gente, perdemos o rumo da historia! E agora? Quem vem nos salvar de nosso caos? O que fazer?
Quando ensino a alquimia interna ou o I Ching para meus alunos, costumo repetir uma frase do Mantak Chia que diz; ” O mal está aqui para ficar. Não percam tempo em querer destruir o mal, use seu tempo e sua energia para transformá-lo dentro, e seguir construindo o que é bom. Não exercite o mal, exorcize-o e exercite o bem.”

Dá para entender? Não? Mas é muito simples. Você acorda pela manhã, sente que não está bem, que algo lhe entristece, ou enraivece ou deprime ou entedia. O que pode fazer com isso?? Siga o conselho, transforme, desista de colocar seus pensamentos e sua energia nesse estado. Vire o disco, procure o que vai bem em sua vida naquele momento, mesmo que seja somente um sonho. Alimente esse sonho em vez de alimentar a derrota. Ambos requisitam de você a mesma quantidade de energia.
Contam que um homem procurou um grande sábio e perguntou:
“Mestre, eu tenho em casa dois cachorros. Um é terrível; mau, desobediente, agressivo, gordo e exigente. O outro é dócil; aceita tudo de bom grado, defende minha casa, cuida de meus filhos, encontra caça e nada exige em troca, só come quando lhe dou comida. Qual dos dois vai vencer e sobreviver?.”
O mestre respondeu prontamente;

“Aquele que você alimentar mais.”

Pensem nisso, pensem que nesse tempo mágico em que vivemos tudo está em suas mãos. Não encontre desculpas externas para os seus problemas. Se pergunte que energia você está alimentando agora; dando espaço para ela em seus pensamentos e sonhos. Essa energia é a que vai sobreviver e construir a qualidade de sua vida!

Foi-se o tempo em que o governo, as instituições, as famílias e as forças externas podiam moldar a vida de um homem. Nos novos tempos em que estamos vivendo, tudo está insustentavelmente em suas mãos. O poder do fogo roubado por Prometeu agora é seu, você vai continuar deixando os abutres comer o seu fígado ou vai usar o poder roubado dos deuses para construir o seu bem, o de sua família e o da continuidade da vida na terra?

Esse talvez seja o grande segredo que ninguém desvenda: ” O céu já desceu para a terra, mas o homem ainda escolhe continuar construindo o seu próprio inferno.”
Aconselho a todos lerem o livro da Marilyn Ferguson ; ” Conspiração Aquariana- as grandes mudanças da década de oitenta”.

Não é um livro esotérico, é um livro que de tese dessa grande socióloga, que prova que quem realizou as grandes mudanças na década de 80, foram pessoas que pelo seu comportamento e seu exemplo mudaram outras a sua volta e construíram a historia que agora estamos vivendo. Não permita mais que instituições e crenças comam o seu fígado.

Não há o que mude, e não há nada para ser mudado, só há a MUDANÇA!

Se harmonize e se entregue a ela!

Ely Britto
Instrutora Sênior de Alquimia Interna Taoista
Presidente do Instituto Intertao


 
CHI KUNG – O EXERCICIO DA ENERGIA

“O objectivo do exercício Chi Kung é estimular o fluxo de energia dentro do corpo para que ele se movimente mais rápida e efectivamente e limpe toda a rede de canais de Chi ou meridianos .

Muitas pesquisas foram feitas durante muitos anos para desenvolver um sistema de exercícios que acelerasse a circulação sanguínea (e que, portanto, também estimulasse o fluxo de Chi) sem uma demanda intolerável sobre os pulmões. Os resultados utilizaram a sabedoria acumulada dos exercícios chineses de respiração taoista e budista das artes marciais. O Chi Kung, como passaram a ser conhecidos os exercícios resultantes, usou uma serie de exercícios de respiração para controlar o movimento interno do Chi enquanto o corpo se mantém praticamente imóvel.

Durante séculos, a maior parte dos conhecimentos sobre o Chi Kung foi transmitido no âmbito familiar ou de pequenos círculos e mantida relativamente em segredo . Só recentemente o Chi Kung tem sido ensinado e discutido em público. Existe um numero crescente de aplicações de exercícios Chi Kung que vai desde o tratamento de doenças crónicas até o desenvolvimento de capacidades físicas extraordinárias, que permitem que os praticantes quebrem pedras com dedos completamente desprotegidos. Agora está sendo cada vez mais empregado no tratamento de doenças que a prática médica ocidental não consegue curar. Também está sendo usado para prevenir doenças, pois reforça os sistemas imunológicas e a força interior do corpo. O que o chi Kung oferece é um método de treinamento simultâneo do sistema nervoso, da mente e dos órgãos internos, para que a força interior do ser humano como um todo  passe para um nível mais alto de vigor e eficiência.

UM OBJECTIVO MUITOS CAMINHOS
 
Existem muitos estilos e escolas de Chi Kung. Existe o Chi Kung para a saúde, para terapia, para as artes marciais e para o desenvolvimento espiritual. Existem escolas budistas e taoistas de Chi Kung . Nas artes marciais, o treinamento em Chi Kung inclui técnicas conhecidas como “palma de ferro”, “camisa de ferro”, e “capa do sino de metal”. No atletismo, o Chi Kung é usado para desenvolver a força muscular e a resistência à fadiga . Na medicina, principalmente na China, existem duas vertentes principais de Chi Kung: uma é o Chi Kung móvel, com exercícios que envolvem movimento ; a outra limita-se a exercícios de respiração e de meditação estáticos.

No campo espiritual, existem exercícios de Chi Kung que permitem que o aluno vivencie outras dimensões e que desenvolva faculdades telepáticas .

Mas o objectivo de aumentar a força interior é fundamental para todos. “             

 

 O Caminho da Energia

Domine  a Arte Chinesa da Força Interior com exercício de Chi Kung 

- Mestre Lam Kam Chuen

10/02/2015




Desfazendo Equívocos

Por Reverenda Yvonette Silva Gonçalves


Se você quer milagres, não procure o Budismo. O supremo milagre para o Budismo é você lavar seu prato depois de comer. Se você quer curar seu corpo físico, não procure o Budismo. O Budismo só cura os males de sua mente: ignorância, cólera e desejos desenfreados.

Se você quiser arranjar emprego ou melhorar sua situação financeira, não procure o Budismo. Você se decepcionará, pois ele vai lhe falar sobre desapego em relação aos bens materiais. Não confunda, porém, desapego com renúncia.

Se você quer poderes sobrenaturais, não procure o Budismo. Para o Budismo, o maior poder sobrenatural é o triunfo sobre o egoísmo. Se você quer triunfar sobre seus inimigos, não procure o Budismo. Para o Budismo, o único triunfo que conta é o do homem sobre si mesmo.

Se você quer a vida eterna em um paraíso de delícias, não procure o Budismo, pois ele matará seu ego aqui e agora. Se você quer massagear seu ego com poder, fama, elogios e outras vantagens, não procure o Budismo. A casa de Buda não é a casa da inflação dos egos.

Se você quer a proteção divina, não procure o Budismo. Ele lhe ensinará que você só pode contar consigo mesmo. Se você quer um caminho para Deus, não procure o Budismo. Ele o lançará no vazio.

Se você quer alguém que perdoe suas falhas, deixando-o livre para errar de novo, não procure o Budismo, pois ele lhe ensinará a implacável Lei de Causa e Efeito e a necessidade de uma autocrítica consciente e profunda.

Se você quer respostas cômodas e fáceis para suas indagações existenciais, não procure o Budismo. Ele aumentará suas dúvidas.

Se você quer uma crença cega, não procure o Budismo. Ele o ensinará a pensar com sua própria cabeça.

Se você é dos que acham que a verdade está nas escrituras, não procure o Budismo. Ele lhe dirá que o papel é muito útil para limpar o lixo acumulado no intelecto.

Se você quer saber a verdade sobre os discos voadores ou sobre a civilização de Atlântida, não procure o Budismo. Ele só revelará a verdade sobre você mesmo.

Se você quer se comunicar com espíritos, não procure o Budismo. Ele só pode ensinar você a se comunicar com seu verdadeiro eu.

Se você quer conhecer suas encarnações passadas, não procure o Budismo. Ele só pode lhe mostrar sua miséria presente.

Se você quer conhecer o futuro, não procure o Budismo. Ele só vai lhe mandar prestar atenção a seus pés, enquanto você anda.

Se você quer ouvir palavras bonitas, não procure o Budismo. Ele só tem o silêncio a lhe oferecer.

Se você quer ser sério e austero, não procure o Budismo. Ele vai ensiná-lo a brincar e a se divertir.

Se você quer brincar e se divertir, não procure o Budismo. Ele o ensinará a ser sério e austero.

Se você quer viver, não procure o Budismo, pois ele o ensinará a morrer.